quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Razão?

“Qual o limite entre a razão, como a imaginamos ser, e o delírio mental?”, essa é a questão que tá me martelando a cabeça desde que assisti a um programa na Band sobre deficientes mentais. Percebi que existe muito em comum entre o que pessoas “sãs” pensam e delírios de alguns pacientes e hospedes de casa de repouso que apareceram na reportagem. Mas vamos lá... Deixe-me explicar as situações e algumas coisas que aprendi no decorrer da matéria.

Neste programa, uma repórter foi designada a passar 24 horas e conhecer um pouco sobre a vida e a “realidade” de moradoras (todas mulheres) de uma espécie de casa de repouso, onde estas tinham uma certa liberdade de sair da casa a hora que bem entendesse. A outra repórter foi a um hospital que tratava de pessoas com as mesmas deficiências, porém tinham um tempo pré-determinado de internação e só poderiam sair do lugar caso recebesse alta. Diferentemente dos manicômios, nestes lugares não é admitido o tratamento por eletro-choque, utilizado para “acalmar” pacientes em crise e que infringi os direitos humanos. Porém, não é o método utilizado por cada tratamento o que quero leva a escrever este post.


Foi nesses cenários, que em meio a esquizofrênicos cantores, malucos jogadores de futebol e doidonas exímias doceiras, que se deu uma série de entrevistas que a princípio qualquer pessoa pensaria que não haveria respostas muito lúcidas. Mas analisando e pensando sobre algumas respostas, vi que não são pensamentos tão estranhos aos que podemos notamos por aí. Havia uma paciente esquizofrênica que disse ser alertada pelas vozes que ouvia, como se ela tivesse correndo um perigo no lugar onde estava. Mas o que seria o “Sexto Sentido” que alguns dizem ter? Outra senhora, que perguntada se tinha algum namorado fora do hospital, disse admiradora do corredor Felipe Massa e ainda mais, que o piloto também a admirava muito. Mas quem pode dizer que isso é pura loucura? E o que são essas meninas gritando no cinema jurando amor eterno a vampiros juvenis e sarados?

Sei que posso está exagerando e que realmente estas pessoas precisam sim de cuidados especiais. O tema é muito polêmico e estudado por muitos, de Nietzsche a Raul Seixas. Mas acredito que eles (os loucos, mas isso talvez inclua o Nietzsche e o Raulzito) têm uma forma de ver o mundo muito peculiar que têm aspectos que se assemelham ao nosso jeito ("nosso" até certo ponto da minha sensatez às vezes limitada) . Diria Montaigne: “A mais sutil loucura é feita da mais sutil sensatez”. É a tênue linha entre a razão dos mais sábios e o devaneio dos sem-razão.