Não podemos negar que o Brasil é um país multifacetário no que diz respeito às formas e ao número de cultura presentes em nosso território. Desde a sua colonização, nosso país sempre abraçou diversas nacionalidades, seja como forma de mão-de-obra nas lavouras, seja refúgio de guerras européias ou até mesmo como asilo político. Porém, não parece aceitável a intolerância cultural em um país diversificado.
É o que acontece hoje com os adeptos da cultura rastafári. A religião de origem jamaicana tem, em sua filosofia, o uso da maconha como forma de “abstração espiritual”. Não haveria empecilhos caso a comercialização e o consumo da erva cannabis sativa não fosse proibido pelo governo brasileiro. Há, em nosso país, um número significativo de usuários de drogas que não são adeptos a essa cultura e que fomentam o maior dos males brasileiros, o tráfico de entorpecentes. Porém, o que não pode acontecer é privar os seguidores dessa filosofia de suas práticas religiosas, culturais e ideológicas.
A legislação brasileira mostra-se flexível, no que tange este assunto, quando tratou da situação do Santo Daime. O segmento religioso genuinamente brasileiro utiliza em seus rituais uma bebida feita de ervas da floresta amazônica chamada Ayahuasca. Em 2006, após 18 anos de estudos, o Conselho Nacional de Política sobre Drogas (CONAD) retirou a bebida da lista das substancias alucinógenas. No ano passado, o governo brasileiro decidiu regulamentar o uso da substancia e permitir o consumo para fins religiosos.
Não se trata de legalizar a utilização da maconha sob qualquer circunstancia, mas voltarmos nossa atenção a sua regulamentação de uso. Em virtude dos seus benefícios medicinais, países como a Holanda reformularam sua legislação no que tange o consumo e a venda deste entorpecente. É preciso reavaliar os seus benefícios e seus males, sem cometer nenhuma injustiça com esse importante elemento de formação ideológico.
Texto produzido durante cadeira de "Análise de Opinião em Jornalismo"